Verdade ou Fake News?

O livro Esquadrão Curioso – Caçadores de Fake News”, do jornalista e escritor Marcelo Duarte, lançado em 2018, acaba de ganhar uma versão no formato podcast. “Caçadores de Fake News” chega hoje (4) às principais plataformas de streaming (Spotify, Deezer, Google Podcast e Apple Podcast, entre outros). Misturando ficção com realidade, os quatro personagens da trama – Isa, Pudim, Leo e Débora – entrevistam 11 jornalistas, educadores e formadores de opinião de Brasil, Estados Unidos e outros países, para entender o que são as fake news, como elas surgem e como se espalham tão depressa, os perigos que causam e como combatê-las.

A série teve apoio da Embaixada e Consulados dos Estados Unidos no Brasil, por meio de seu Edital Anual de Projetos, que financia programas que fortaleçam as relações entre Brasil e Estados Unidos, destaquem valores compartilhados entre os dois países e promovam a cooperação bilateral.

“Informações falsas podem até tirar vidas, então é crucial fomentar o pensamento crítico em jovens desde cedo, de modo a ajudar a formar cidadãos engajados e conscientes.  Os Estados Unidos já têm bastante experiência nessa área e achamos que é importante dividi-la com os brasileiros”, afirmou o cônsul-geral dos Estados Unidos em São Paulo, Adam Shub.

São cinco episódios de 20 minutos com muito entretenimento e informação, que poderão ser trabalhados nas escolas, com alunos do Ensino Fundamental e Médio. “Não quisemos limitar a faixa etária, pois nunca sabemos quando a criança passará por uma situação assim. Elas precisam estar preparadas”, afirma Marcelo. Os educadores poderão encontrar sugestões pedagógicas, o perfil dos entrevistados, links importantes e até mesmo um glossário no site http://www.cacadoresdefakenews.com.br, criado especialmente como suporte do podcast.

Na trama, os personagens recebem o desafio de criar um podcast sobre fake news para um trabalho escolar. Com o objetivo de coletar informações relevantes e verdadeiras para o programa, eles conversam com diversos jornalistas especialistas no assunto de todas as formas – pelo telefone, trocando mensagens de WhatsApp, entrando em plataformas de reunião e mesmo presencialmente.

Os episódios têm muito humor. Dublados por atores profissionais, os personagens foram muito bem recebidos pelos jornalistas convidados, que entraram na aventura e colaboraram com sua didática e muito conhecimento.

Fazem parte do elenco Mariana Elisabetsky (Mudança de Hábito, O Mágico de Oz e Grease), interpretando Isa; Arthur Berges (Um violonista no telhado, Rent e Chaplin – O musical), que dá voz ao Pudim; Luciana Ramanzini (Natureza Morta e Bento Batuca), no papel de Débora; e Hugo Picchi (Cocoricó e Irmão do Jorel – Cartoon Network), que faz Leo e o narrador.

“É urgente e necessário falar de educação midiática e, agora, mais do que nunca, precisamos que nossos jovens aprendam a importância de uma notícia bem apurada. Estamos vivendo um momento crítico, as pessoas precisam confiar e acreditar na imprensa profissional”, diz Marcelo.

Confira os jornalistas convidados:

Gilmar Lopes: é analista de sistemas e checador de fatos. Foi um dos pioneiros na apuração de fake news na internet – antes mesmo de o termo ter sido inventado. Criou o site E-Farsas em 2002.

Januária Cristina Alves: jornalista, educomunicadora e pesquisadora de histórias de tradição oral. É autora do livro “Como Não Ser Enganado pelas Fake News”, em parceria com Flávia Aidar.

Cristina Tardáguila: fundadora e dona da Agência Lupa, uma das principais agências de checagem de fatos do país. Atualmente, é diretora adjunta da IFCN (International Fact-Checking Network), sediada na Flórida, EUA. É coautora do livro “Você Foi Enganado – Mentiras, Exageros e Contradições dos Últimos Presidentes do Brasil”, de 2018, com Chico Otávio.

Edgard Matsuki: jornalista e editor do site de checagem de fatos Boatos.Org, que ele criou em 2013.

Patrícia Campos: uma das mais importantes e premiadas jornalistas brasileiras da atualidade. Foi vítima de campanhas de difamação na internet por causa de reportagens investigativas que publicou. Escreveu o livro “A Máquina do Ódio”, em que revela como as redes sociais vêm sendo manipuladas por políticos inescrupulosos.

Filipe Vilicic: jornalista e profundo conhecedor dos mecanismos que regulam as redes sociais. Escreveu os livros “O Clique de Um Bilhão de Dólares”, em que conta a história do brasileiro que criou o Instagram, e “O Clube dos YouTubers”, sobre os milionários nascidos dentro da plataforma de vídeos.

Rodrigo Ratier: Jornalista, professor e pesquisador sobre fake news na Faculdade Cásper Líbero, de São Paulo.

Esther Wojcicki: uma das mais respeitadas e premiadas educadoras dos Estados Unidos. É professora de jornalismo e fundadora do Centro de Mídias e Artes da Palo Alto High School, na California, especialista no ensino híbrido e uso de tecnologia na educação. É autora do livro “Moonshots na Educação – Ensino Híbrido e Aprendizagem Colaborativa na Sala de Aula”, já traduzido para o português pela Panda Books.

Fernando Esteves: editor do site “Polígrafo”, pioneiro na checagem de fatos em Portugal.

Cláudio Michelizza: editor do site italiano “Bufale”. Bufale é uma gíria para notícia mentirosa, sem fundamento.

Madelyn Webb: pesquisadora investigativa do site de checagem de fatos First Draft.

Sobre o autor

Marcelo Duarte é jornalista, apresentador e diretor editorial da Panda Books. Como jornalista, passou pelas redações das revistas Placar, Playboy e Veja S. Paulo. Também trabalhou no Jornal da Tarde, nas rádios Bandeirantes e BandNews FM, e na ESPN-Brasil. Estreou como escritor em 1995 com o best-seller O Guia dos Curiosos, que deu origem a uma coleção já com nove volumes. “Esquadrão Curioso – Caçadores de Fake News” é seu 29º livro. Escreveu os roteiros do podcast “Caçadores de Fake News”.

o medo de ter medo

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Eu sempre gostei de histórias de suspense e de terror.

Pera… Antes de falar de histórias há uma informação preciosa sobre minha infância. Eu tinha uma boneca descabelada por mim mesma que me metia medo, além de um poster, que minha mãe mandou fazer com uma fotografia minha, vestida de caipirinha, na frente de uma cortina cor vermelho sangue, que eu juro, por todos os seres sagrados e profanos, piscava e mexia o pescoço todas as noites.

Voltando, eu sempre gostei de histórias de suspense e de terror. Escolhi na prateleira da escola, O gênio do crime, de João Carlos Marinho, Eu, detetive, da Stella Carr, como companheiros de primeiras leituras. Junto com eles, claro que veio Drácula, de Bram Stocker, e Frankenstein, de Mary Shelley. Desde as primeiras seleções livreiras, eu tive a sorte de juntar a escrita de homens e das mulheres, autoria nacional e estrangeira, e isso certamente me formou como leitora que eu sou, aberta às variadas formas narrativas e com imenso interesse em expandir os horizontes sobre a linguagem.

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Mas não é só sobre isso que eu gostaria de falar aqui, ou é, também.

O medo me fascinava enquanto sentimento paralisante e desafiador, quando eu era criança. Lembro o dia de uma prova de olimpíada de matemática que eu, essa pessoa hoje das letras, estava selecionada para competir. Uma dor de barriga me petrificou na frente da escola e quase me matava. Falei pra minha mãe que eu não conseguia respirar. Tive que me investigar a sério naquele momento, com a ajuda da pedagogia de minha mãe, que não era das mais afáveis. O medo era de errar, o medo era de ser desclassificada na frente dos meus amigos. A final das olimpíadas era com dois garotos com os quais competi mais duas finais nos anos posteriores, um deles, um menino japonês com a fama ou o estigma de ser superior na arte exata de calcular. O outro era o Zé, que virou comediante, outra história. Morri na frente da minha mãe e ressuscitei, porque ela me empurrou pra fora do carro e me botou na vida sem dó. Minha mãe tinha várias facetas de bruxa má, outras de bruxa boa.

Senti medo. Eu sinto medo. Tive medo quando meu médico me falou, aos 13 anos, que eu teria que retirar um tumor do tamanho de uma laranja que crescia dentro da minha barriga. Ficou tudo bem no final, a palavra era substantivo feminino, benigna, mas o corte foi profundo, a recuperação foi dolorosa e vieram consequências. Passei pelo esfaqueamento, corri de mim zumbi, e aqui estou, quase com 46 anos.

Durante a recuperação daquela primeira cirurgia – olha só o que eu me lembrei agora – li um livro pesado, Christiane F. Sim, aos 13 anos. Meu argumento com a mãe foi dizer que se a história se passava com uma menina com a mesma idade, eu aguentaria. Minha mãe deixou numa faceta de bruxa boa, mas talvez com risada de bruxa má… Antes ela leu o livro, pra conversar comigo sobre a história. Foi dos livros mais importantes da minha vida. Passei a respeitar a dependência química, olhar os monstros internos com atenção, e ver o ser humano como um bicho frágil e, ao mesmo, imensamente corajoso. Fiquei impressionada como aquela menina do livro vencia o medo. E eu sentia medo por ela; queria que ela se livrasse daquele emaranhado de horror.

Adulta, descobri algo sobre esterilidade. Tive que ouvir coisas terríveis de mulheres que me consolavam sobre o ‘defeito’ em não poder ser mãe. Uma delas chegou a dizer que era esquisito alguém tão bonita por fora, como eu, ser defeituosa por dentro. Tive medo de ser uma mulher como aquela que me retalhava com palavras, e voltei a ser um Frankenstein, naqueles dias, tratado pela faca, ressurgido de um tumor, costurado às suas penas. Foi triste, confesso. Triste perceber que ser mulher, para algumas pessoas, era uma condição de parir.

Anos depois, eu aqui, com dois filhos, ainda consolo mulheres que me dizem não poder ser mãe. Todo mundo pode, meu bem, tem que ver se é o que se quer. Porque também tem o medo de não querer, e de ser julgada por isso. No mais, quero dizer que os filhos são anjos e bestas. Eles tiram o melhor e o pior da gente. Quebra-se o mito da perfeição, do amor incondicional, da lisura materna. É essa a grande bruxaria da vida.

Por conta disso tudo, e mais um monte de histórias, sigo apreciadora das narrativas de pânico, terror, sombras, desilusão, desamparo, medo. Meus filhos comigo assistem filmes, leem livros, contam histórias, e, juntos, rimos dessa condição abismal da nossa espécie, ser bicho frágil e potencialmente de pura coragem.

Recentemente, uma polêmica sobre ler ou não histórias de bruxas e outros seres assombrosos para crianças me fez pensar em compartilhar minha experiência levando em consideração a nossa cultura, nosso jeito de pensar… Bom, só há um jeito de viver: sendo pego de surpresa pela dor, ou se preparando para enfrentá-la. Eu escolho a segunda. Por isso, escolho ler quem pensa o medo na minha cultura, com a diversidade de simbologia que forma o meu país; isso tudo está no meu imaginário e conversa comigo e me identifica enquanto sujeitinha pensante. De que me adianta ler somente os russos ou os ingleses se eles não carregam intimidade com o barulho do samba, nem tem em mente a beleza do golpe de capoeira, tão pouco eles compreenderiam esse amor que temos pela língua que massacrou, ao se instalar oficial, liquidando tantas outras línguas e culturas… As bruxas, é nossas são tipicamente sulamericanas e com elas que devemos nos entender.

Já tive oportunidade de ver uma criança pedir para eu parar a narração de histórias quando o lobo apareceu para pegar sua vítima. A mãe, numa atitude de bruxa boa, fechou os ouvidos do menino. Eu parei, fiz a bruxa má, disse: – Menino, esse lobo é de mentira, só existiu nessa história e você tá aqui vivo e forte. Ele secou as lágrimas e ouviu até o final. Ficamos todos bem. Vivos, e mais experientes.

Então, se é que eu posso dar um conselho sobre a leitura na vida, digo: enriqueça suas viagens em narrativas lúdicas de humor, de amor, de terror, de desamparo, de solidão, de recomeço. Misture na escolha a autoria de autores com origens e gêneros diversos, porque cada qual vê o mundo e permeia relações sociais a partir do que é, e a empatia nasce de admiração dessas variadas pessoas e de nossa identificação com elas.

No mais, saibam que o carnaval é uma festa pagã que foi batizada pelo cristianismo como tempo do diabo solto; e o diabo, minha gente, é a ignorância.

Ilumine-mo-nos, pois, com glitter e histórias.

*

Agora, com um olho na mão e outro no meio da testa, faço a lista dos primeiros 13 que lembrei, esse número de sorte, e minha gata, Nina Simone, que está dormindo debaixo da escada enquanto eu mando essas dicas, mia pro além como se visse espírito. Ela vê. E, pensando num carnaval que passei em Paranapiacaba, relembro A menina que perdeu o trem, de Manuel Filho (Besouro Box), frio na espinha. Recomendo que apaguem a luz do abajour e deixem entrar a neblina… Pra já, esperta,

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de 13 na lista, eu saltei para o infinito… Toma que vai ser de arrepiar:Related image

  1. A Lenda do Batatão, de Marco Haurélio com ilustras de Jô de Oliveira, Editora Sesi;
  2. Sete histórias de gelar o sangue, de Antônio Schimeneck, Besouro Box;
  3. Contos de fadas sangrentos, de Rosana Rios com ilustras de Jean-claude Alphen, Farol Editorial;
  4. Medo? Eu, heim?, de Moreira de Acopiara, Editora Duna Dueto;
  5. Encontros folclóricos de Benito Folgaça, de Alexandre de Castro Gomes, Editora do Brasil;Image result for alex gomes de castro livro cemiterio
  6. Um esqueleto em quadrinhos, texto de Machado de Assis no desenho de Diego Molina e Márcio Koprowski, Editora Pulo do Gato;
  7. Histórias mal assombradas de Portugal e Espanha, e os demais livros que acompanham a coleção, de Adriano Messias, Editora Biruta;
  8. Fábulas ao anoitecer, de Georgette Silen, Giz Editorial;
  9. Sete histórias para sacudir o esqueleto, de Angela Lago, Cia das Letrinhas;
  10. Se eu abrir esta porta agora…, de Alexandre Rampazzo, Editora Sesi;
  11. Histórias do velho Nestor contando seus contos de horror, de Janine Rodrigues com ilustras de Fernanda Castanho, Editora Piraporiando;
  12. A caveira rolante, a mulher lesma, e outras histórias indígenas de assustar, de Daniel Munduruku com ilustras de Maurício Negro;
  13. Cidade dos deitados, de Heloisa Prieto, Coleção Ópera Urbana…Related image

o gato

 

  • O gato é um poema que integra A Arca de Noé, de Vinícius de Moraes e foi musicado junto com a maior parte do livro para integrar um projeto grandioso para televisão, no princípio dos anos 80, com a participação de grandes artistas da música brasileira, como Elis Regina, Ney Matogrosso, Moraes Moreira, Toquinho e outros. A primeira gravação dO gato foi com a cantora Marina. Com nova versão, 30 anos depois, na voz de Mart’nália, O gato ganhou uma animação em ritmo acelerado.

na tarde

Socorro Lira e Penélope Martins para ampliar nosso coração, na tarde de hoje, celebrando todas as mulheres poetas que fazem da palavra seu estar no mundo.

 

“Na tarde em que te beijei

Botei colibri no peito

Cresceu meu maior desejo

O que na boca calei.

Silêncio, olhos cerrados

Olhando por dentro de mim

Cheiro de mel e jasmim

Minha alma tinha tomado.

Um beijo mais fundo chorei

Sem pensar no que sentia

Sua boca tomando minha sina

Sua boca me assina, me ensina

O que já sei.

 

Amor, são meus olhos de chuva n’ocê

A principitar do céu a gentileza

De apagar essa brasa acesa

sem ter nem pra quê.

Amor são meus olhos chovendo manso

Brotar da terra entre nós

Rio passando vale, serra

Pedra da minha canção.

 

 

 

 

Carolina de Jesus e o Livro

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Carolina Maria de Jesus nasceu na zona rural de Minas Gerais, estudou até o segundo ano primário, foi católica devota embora sua mãe tivesse sido banida da Igreja por conta de parir filhos ilegítimos. Adulta, foi parar em São Paulo, trabalhando como catadora de recicláveis. Moradora da comunidade do Canindé, zona norte paulista, Carolina registrava o cotidiano das pessoas em seu diário, o que viria a formar seu primeiro livro e a obra consagrada de uma das primeiras escritoras negras do Brasil.
Mudou-se para a capital paulista em 1947, num momento em que surgiam as primeiras favelas na cidade, e apesar do pouco estudo, escreveu mais de vinte cadernos com testemunhos sobre a favela. Seu livro, Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada, publicado em 1960, teve mais de 100 mil exemplares vendidos, tradução para 13 idiomas e vendas em mais de 40 países. No entanto, Carolina de Jesus morreu em 1977, aos 62 anos,  pobre e esquecida.
* Eu sou Penélope Martins, e este post também pode ser lido no Blog português Clube de Leitores, para onde escrevo, aqui do Brasil, criando uma ponte para unir lusófonos na leitura, porque LER é do borogodó.

eu vou embolar

 

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– fotografia de autoria desconhecida –

Bate cabeça, quebra o coco, mas não arrenta a sapucaia! A dança de roda se faz com cantoria mais ganzá e zambê, pandeiro e triângulo, a depender da região onde se brinca, é claro.

Pode ser na Paraíba, em Pernambuco, Alagoas, também. No Nordeste do Brasil tem coco de usina, coco de embolada, coco de roda, coco do sertão, coco de umbigada, numa mistura de tradições indígenas e africanas, que também incorporou as tradições portuguesas, não só na língua, mas nos credos e costumes.

Coco que bate palma e alegra o coração. As pessoas cantam e acompanham na palma da mão. Mas lá na origem, são canções que acompanhavam o batuque do trabalho no engenho, na colheita, no pisar do barro pra erguer casa de pau a pique…

 

Anuário AEILIJ

A Associação dos Escritores e Ilustradores de Literatura para Infância e Juventude – AEILIJ, preparou um Anuário com as publicações do ano de 2016.

O Anuário já é considerado um catálogo de referência para escolha de títulos para adoção em escolas, compras de bibliotecas e, principalmente, formação de novos leitores.

Podemos ler nesta edição uma entrevista com Ninfa Parreiras falando sobre sua trajetória como escritora e formadora de leitores, além de discutir outros pontos sensíveis do universo literário como as plataformas digitais.

Também é possível relembrar, com fotografias, um breve percurso das ações promovidas por autores associados, em 2016.

Divirtam-se com o Anuário e compartilhem por aí essa ideia iluminada que é a LEITURA!

 

 

 

 

Como e por que contar histórias para crianças?

Denise Guilherme, responsável pelo projeto de leitura e formação de leitores A Taba, reuniu um pessoal para conversar sobre o ato de contar histórias.

Por que é tão importante narrar? Como narrar histórias? De que maneira é possível conquistar a atenção do público?

Entre os narradores convidados, Giuliano-Tiento2Giuliano Terno de Siqueira | Doutor e mestre em artes pelo programa de pós-graduação do Instituto de Artes da UNESP. Sócio-fundador d’A Casa Tombada [Lugar de Arte, Cultura, Educação]. Idealizador, coordenador e professor do curso de pós-graduação lato sensu A Arte de Contar Histórias – Abordagens poética, literária e performática pela FACON – Faculdade de Conchas, pólo A Casa Tombada. Professor colaborador do Programa de Mestrado Profissional do Instituo de Artes da UNESP. Contador de histórias, escritor, pesquisador, professor e assessor de programas públicos e privados de livro, leitura e bibliotecas.

10407918_10203387899889655_3346874991112871519_nOutro narrador presente, Magno Farias, pedagogo é educador, com experiência nas redes públicas e privada e no terceiro setor. Trabalha em comunidades desde 2005 e atuou como supervisor de educadores na 29ª Bienal de Artes de São Paulo e educador de arte contemporânea no “Projeto Jovens Emergentes”, em 2011/2012. É educador de biblioteca e contador de histórias no Instituto Acaia e, desde 2003, sonoplasta em espetáculos de circo e teatro.

11170363_889846137704203_9175329297026196525_nPor fim, a terceira integrante dessa roda virtual de conversa, Penélope Martins é escritora e narradora de histórias. Em 2009, iniciou a ação Construindo Leitores, em Santo André, reunindo crianças em encontros mensais para narração de história e atividades artísticas. Mais tarde, passou a ser convidada como narradora de histórias e oficineira para trabalhar com crianças, jovens e educadores, por escolas e instituições ligadas à cultura (SESC, Fábricas de Cultura, Museus etc), atividades para as quais se dedicada até o momento. Entre seus projetos de narração, mantém ligação permanente com os leitores através da ponte entre seu blog Toda Hora Tem História e o Clube de Leitores, de origem portuguesa. Entre seus livros já publicados, Poemas do Jardim (editora Cortez), incluído na lista de Bolonha, Princesa de Coiatimbora (editora Dimensão), Quintalzinho (editora Bolacha Maria), A incrível história do menino que não queria cortar o cabelo (ediota Folia das Letras).

A conversa foi transmitida ao vivo na terça-feira, dia 06 de setembro, às 21h, mas pode ser assistida no link abaixo:

Milágrimas,

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Em caso de dor ponha gelo
Mude o corte de cabelo
Mude como modelo
Vá ao cinema dê um sorriso
Ainda que amarelo, esqueça seu cotovelo
Se amargo foi já ter sido
Troque já esse vestido
Troque o padrão do tecido
Saia do sério deixe os critérios
Siga todos os sentidos
Faça fazer sentido
A cada mil lágrimas sai um milagre

Caso de tristeza vire a mesa
Coma só a sobremesa coma somente a cereja
Jogue para cima faça cena
Cante as rimas de um poema
Sofra penas viva apenas
Sendo só fissura ou loucura
Quem sabe casando cura
Ninguém sabe o que procura
Faça uma novena reze um terço
Caia fora do contexto invente seu endereço
A cada mil lágrimas sai um milagre

Mas se apesar de banal
Chorar for inevitável
Sinta o gosto do sal do sal do sal
Sinta o gosto do sal
Gota a gota, uma a uma
Duas três dez cem mil lágrimas sinta o milagre
A cada mil lágrimas sai um milagre

 

– Do poema se fez canção:

Letra de Alice Ruiz

Música de Itamar Assunção

 

puxirão

 

Quando a gente conhece a história do nosso povo, a gente se enche de coragem, a gente anda com alegria, porque o mal se encolhe no fim da nossa ignorância e passamos a saborear a liberdade de quem vive com empatia.

O que é um puxirão? Até pouco tempo eu não sabia… Mas foi numa visita ao Quilombo São Pedro que me explicaram; e eu fiquei tão contente em saber, que resolvi compartilhar c’ocêis.

 

 

 

Dicionário Cravo Albin da MPB

Quem num foi ver o Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira, bom correr lá pra tomar conhecimento e fazer uso dessa maravilhazinha de ferramenta.

Por iniciativa da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), em 1995, através do Departamento de Letras, e a Livraria Francisco Alves Editora, com apoio técnico da IES – Informática e Engenharia de Sistemas, surgiu o projeto. O Ministério da Cultura através da Fundação Biblioteca Nacional somou esforços em 1999 e, em 2001, somou-se a equipe a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ). No ano seguinte, a Brasil Telecom possibilitou a entrada do Dicionário no portal iBEST.

O Dicionário reforça a importância da Música Popular Brasileira no cenário de nossa cultura. Para além da “estética tradutora de nossas múltiplas identidades culturais, apresenta-se como uma das mais poderosas formas de preservação da memória coletiva e como um espaço social privilegiado para as leituras e interpretações do Brasil”.

As críticas assinadas por especialistas continuam a ser adicionadas aos verbetes significativos, contribuindo para a profundidade de pesquisa no Dicionário.

De certo que há muito  material significativo para acrescentar e aprimorar a ferramenta, mas já é um endereço indispensável para todo aquele que não se distancia da leitura musical.

Fica a dica: Dicionário Cravo Albin de Música Popular Brasileira …e uma dose de música boa com compositor que vale a pena conhecer pra valer: Roque Ferreira. A música que escolhi para temperar a sonoridade com borogodó brasileiro é O Cavalo de São Jorge, mas Roque Ferrerira tem muito mais para encantar.

Roque começou a compor aos 14 anos, quando se mudou para Salvador. Ao lado de Riachão, Edil Pacheco, Ederaldo Gentil, Nélson Rufino, Batatinha, Panela e Walmir Lima, é considerado um dos mais importantes compositores do samba baiano.

O Dicionário permite isso, descobrir coisas que a gente não conhece – ainda – mas que a gente não pode passar a vida sem.

Divirtam-se na pesquisa e abusem de ouvir música popular brasileira.

Continuar lendo “Dicionário Cravo Albin da MPB”

aumenta o som!

Quem nunca ouviu, ouça, porque a banda mistura frevo, blues, jazz, maracatu e sei lá mais o quê nessa mistura fina, elegante (e sincera!). Deve ser o efeito bolo de rolo com goiabada que só Pernambuco tem pra dar.

Uma esplêndida leitura musical.

Divirtam-se, crianças, com vida inteligente e swing. E para baixar o disco é só visitar a página, Banda Eddie.

“Após um hiato de quase quatro anos, a Banda Eddie lança o disco Morte e Vida, que sai em vinil e download gratuito pelo site da banda. São 11 faixas inéditas com participações de Karina Buhr, Erasto Vasconcelos, Jam da Silva, João do Cello e KSB. Fábio Trummer (voz e guitarra), Kiko Meira (bateria), Rob Meira (baixo), Alexandre Urêa (percussão e voz) e André Oliveira (teclado, samples e trompete) trazem no álbum, como eles próprios definem, a junção do blues, samba e surfrevo (mistura de frevo e surf music), sem esquecer, é claro, da raiz no Original Olinda Style, estilo criado pela banda, que já tem 25 anos de carreira e 12 com a mesma formação.

Inspirado na obra literária de João Cabral de Melo Neto, Morte e Vida Severina (1955), no cotidiano e no atual cenário da política brasileira, o sexto trabalho da Banda Eddie, entre o processo de composição, produção e masterização, levou quase um ano para ficar pronto, segundo Fábio Trummer. “Eu compus as músicas no formato voz e violão na minha casa, em São Paulo, entre março e novembro do ano passado e enviei para os caras da banda no Recife. Passamos dezembro ensaiando e janeiro, no Recife, gravando as 11 músicas”, conta o vocalista, que aposta no novo trabalho como o mais completo e maduro da Banda Eddie. “Estamos na melhor forma da nossa musicalidade”, enfatiza.

Os destaques do álbum vão para a faixa título “Morte e Vida”, com pegada setentista de um rock quase reggae que mostra como as palavras podem semear a discórdia, e para a balada “Meu Coração” e o samba “Essa trouxa não é sua”, que estão presentes na trilha sonora do filme Que Horas Ela Volta? (2015), da diretora Anna Muylaert, que ainda não teve estreia no Brasil, mas foi eleito o melhor filme pela Confederação Internacional de Cinema de Arte no Festival de Berlim deste ano.”
– Marta Souza (Revista O Grito!)

meninas de sinhá

Tive a felicidade de brincar muito de roda. Minha mãe brincava comigo e com as crianças da rua que a gente morava. Outros adultos, vizinhos, também se juntavam à ciranda. Minha avó brincava com os netos no quintal da casa dela, mesmo dia de domingo que todo mundo se juntava para comer macarronada. Meu avô fazia a gente dançar o vira para lembrar Portugal, ele tocava a consertina, cantávamos alecrim dourado naquele mesmo ritmo.

Brincar de roda era juntar cantiga, correria, mistério, verso, passa anel, lencinho na mão. Não tinha tempo de acabar aquilo. E nunca acabava.

Na volta da casa dos avós, minha mãe puxava as canções batendo palmas. O caminho era muito melhor de passar.

Eu não sei cozinhar sem cantar. Quando tenho roupa para lavar, tenho que cantar. Criei meus filhos com música e na hora de dormir, os primeiros anos de vida deles, era balanço e cantiga.

A criança que mora em mim reconhece na música um diálogo com o outro, um melhor entendimento do que eu sou.

E nesse mundo tem gente interessada em dialogar, saber do outro, pegar na mão para girar a ciranda. A história das meninas de sinhá vem para nos ensinar sobre essa capacidade humana de motivar o outro a acreditar em si mesmo através da impatia, do estar junto, lado a lado.

Esse grupo de senhoras do aglomerado do Alto da Vera Cruz, em Belo Horizonte, foi formado por dona Valdete. No vídeo, dona Valdete conta que percebeu que suas contemporâneas estavam se consumindo em depressões e uso de remédios, por isso ela teve a ideia de juntar a mulherada em noites de artesanato. Mas a ideia não resolveu o problema, o uso de psicotrópicos continuava e a infelicidade era um estado de espírito constante. Foi, então, que dona Valdete trocou o fazer artesanato pela brincadeira: juntou as meninas para cantar e resgatar memórias de infância.

Deu certo. Deu muito certo.

As Meninas de Sinhá formaram uma irmandade que já se apresentou em diversos lugares ao lado de artistas famosos – tanto quanto elas.

A leitura de mundo de dona Valdete salvou vidas. Não só daquelas mulheres mineiras afetadas diretamente pela provocação dela, mas a de todos que entram em contato com esse trabalho, bendita fonte de crescimento do amor próprio e diálogo permanente.

O exemplo de Dona Valdete faz parecer fácil mudar o mundo. Eu gostaria de beijar as mãos de Dona Valdete. Mãos que seguraram outras mãos para brincar de roda e deixar a magia acontecer.

Minha sabiá (esteja onde estiver), mando um beijo num sonho procê.